Exoneração em massa: Gean apela para coação e exige atrelamento partidário

O Diário Oficial da Prefeitura de Florianópolis desta segunda-feira (17) publica atos do prefeito Gean Loureiro, exonerando 348 comissionados. Parte da imprensa repercute a versão chapa branca: uma avaliação de desempenho, normal e já realizada em outros momentos. Outra parte da imprensa escancara o verdadeiro objetivo: Nesse ano eleitoral, só permanecerá no cargo quem estiver alinhado as “diretrizes” do governo Gean Loureiro (DEM).

Gean já usou deste recurso “exótico” de gestão. No final de 2018, logo após as eleições, exonerou 270 cargos. Dessa vez, o sentido da ação foi distinto: os que se empenharam nas candidaturas apoiadas pelo esquema oficial foram recontratados dias depois. Já quem não “vestiu a camisa” o suficiente…

O método “inovador” de avaliação e recursos humanos expõe vários absurdos. A maior parte, após 15 dias, é recontratada. O sujeito fica 15 dias em casa, ou na praia, mas o salário é integral. Um grande número dos exonerados segue trabalhando normalmente. Basta fazer um teste: escolha qualquer nome da relação e ligue para o setor. É bem possível que seja atendido pelo funcionário exonerado.

Expõe também um dilema curioso: se a Prefeitura funciona normalmente sem 348 empregados, durante 15 dias, será que eles são mesmo necessários?

A imensa maioria das exonerações fakes é de indicados de vereadores da base. Certamente serão moedas de troca nestes dias de movimentação dos parlamentares em busca de novas siglas para a disputa eleitoral de outubro.

“É um escândalo e merece uma manifestação firme do Ministério Público, pois o Prefeito normaliza um sistema perverso de coação, intimidação moral e de atrelamento de centenas de servidores públicos ao seu projeto pessoal de poder na Cidade”, afirma o vereador Afrânio Boppré, do PSOL. Afrânio informa que em uma mensagem de WhatsApp que vazou, Gean vincula diretamente o ato administrativo de recontratação com necessidade da defesa do seu governo nas redes sociais da internet. “É uma chantagem explícita e é inaceitável que parta de uma autoridade municipal ”,  questiona o Vereador.

A exoneração em massa está causando muitos problemas para quem procura serviços da Prefeitura. Organizadores de blocos e festas de Carnaval, por exemplo, não estão conseguindo obter as autorizações porque vários funcionários responsáveis pela emissão desses documentos estão em casa, aguardando a decisão de recontratação. A expectativa é que parte dos nomes e cargos citados devem ter a exoneração fake anulada na sexta-feira (21), quando serão publicados decretos no Diário Oficial. Até lá? Para o Prefeito, ao que parece, a Cidade que se vire.

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