Chabu: investigados já sabiam de operação dois meses antes dela ocorrer
Os principais suspeitos na Operação Chabu já tinham conhecimento sobre a ação policial com pelo menos dois meses de antecedência. É o que revela um relatório parcial da Polícia Federal, enviado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em setembro deste ano. Segundo a PF, o empresário Luciano da Cunha Teixeira, o Policial Rodoviário Federal Marcelo Paiva Winter estavam cientes da investigação que culminaria com a prisão do Prefeito Gean Loureiro e outras seis pessoas em 18 de junho deste ano.
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A PF elencou algumas evidências que revelam o poder de interceptação de informações por conta da organização criminosa. Uma delas é um e-mail, datado de 24 de abril de 2019. A mensagem é enviada por Luciano Teixeira ao PRF Marcelo Winter. No texto, Teixeira manda uma “Estratégia de Defesa”, criando uma narrativa sobre como Winter teria conhecido o empresário José Augusto Alves, apontado como um dos líderes da organização. A linha narrativa enviada a Winter foi utilizada integralmente pelo policial em seu depoimento, dois meses depois, quando ele também foi detido pela PF. Logo após ser instruído em sua estratégia de defesa, Winter também pediu afastamento de suas funções, supostamente por problemas de saúde.
A PF relata ainda que empresas e veículos que seriam revistados pela Operação foram vasculhados oras antes pelos investigados, revelando que eles sabiam cada passo da Chabu. Outro indício de que o esquema sabia dos passos da Polícia Federal foi encontrado na carteira de José Augusto Alves. Nela, havia um papel com o nome de dois servidores da Assembleia Legislativa que foram os autores da denúncia que culminou na operação.
Segundo o documento da Polícia Federal, os integrantes da organização criminosa tiveram tempo para se preparar. “A possibilidade de destruição de provas é indicativo que se concretiza com a verticalização das diligências em andamento”, diz o relatório.
Operação Asfaltaço era senha
A Polícia Federal também concluiu que uma peça de propaganda da “Operação Asfaltaço” foi utilizada pelo Prefeito Gean Loureiro como “senha” para avisar os envolvidos de que uma ação da Polícia iria ocorrer.
Segundo a PF, a escolha das fontes e das cores na peça publicitária seriam uma alusão à própria Polícia Federal. Na véspera de sua prisão, em 17 de junho, Gean enviou a imagem por meio de aplicativo de mensagens para Luciano da Cunha Teixeira.
“O preto e amarelo destacado na ‘propaganda’ e o nome “Operação Asfaltaço” possui a idêntica tonalidade das cores utilizadas pela Polícia Federal e traz em si carga conotativa que inevitavelmente remete à operação da Polícia Federal”, afirma o relatório.
Curioso também que tal peça publicitária não foi publicada nas redes sociais da Prefeitura de Florianópolis, tampouco nas redes pessoais de Gean Loureiro.