A violência contra a mulher não é imaginária

 

A cultura do estupro não é imaginária. É gravíssima e se reflete no assustador número de uma mulher estuprada a cada onze minutos no país (Fonte: 9º Anuário da Segurança Pública/2015). Infelizmente, o estupro é apenas uma parte da violência à qual as mulheres brasileiras são submetidas cotidianamente.

Se você ainda não entendeu a gravidade deste dado, pense no seguinte: para cada assassinato ocorrido no Brasil, estima-se que ocorram pelo menos 10 estupros. São cerca de meio milhão de estupros por ano no país, e apenas 10% destes são denunciados à polícia – número que, sozinho, já supera o próprio número de pessoas assassinadas! As mulheres são 90% das vítimas de estupro, que, na maior parte das vezes, ocorre dentro do lar e cujo autor é alguém do seu círculo familiar ou social. Mulheres lésbicas sofrem os mal chamados “estupros corretivos”.

Matar uma mulher por sua condição de mulher se chama feminicídio. Acontece um a cada 90 minutos (Fonte: Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil – Ipea/2013). E é crime.

Do total de assassinatos e de violências físicas contra mulheres, há ainda aqueles em que o algoz é o próprio marido ou companheiro, por ódio, desprezo ou pelo sentimento de perda da propriedade sobre a mulher. O Brasil também figura como o infeliz campeão no número de assassinatos de mulheres trans e travestis. Outros crimes, como a pornografia de vingança, tem efeito devastador sobre a vida de inúmeras mulheres que perdem emprego, família e às vezes a própria vida. São crimes que ocorrem porque elas são mulheres e estão vulneráveis à cultura machista em que a violência dos maridos ou companheiros contra suas esposas é até mesmo tolerada ou justificada em rodas de conversa e delegacias.

Apenas uma pequena parte das vítimas de violência – assaltos, agressões ou outros crimes que envolvam qualquer forma de coação ou intimidação – farão parte do índice de homicídios, e este índice não diferencia pessoas mortas em brigas, ações policiais, durante o cometimento de crimes daquelas que morreram por feminicídio, por exemplo.

Portanto, precisamos sim ter mecanismos para proteger as mulheres da violência! Sou um aliado das mulheres, um pró-feminista, e mesmo não passando por todas as situações de violência que as mulheres vivem, tenho certeza que essa é uma mudança que só poderá acontecer a partir do empoderamento de todas e da autonomia sobre seus próprios corpos. E, obviamente, da conscientização dos homens em relação aos privilégios que nos beneficiam em detrimento dos direitos delas.

Análise feita pelo deputado Jean Wyllys pela passagem do Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, em 25 de novembro.

Jean Willys,

Deputado Federal PSOL

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