Bancada Feminista do PSOL: mulheres em resistência de norte a sul do Brasil
Foi lançada no último dia 09 a Bancada Feminista do PSOL, como resultado de uma articulação política entre todas as vereadoras eleitas em todo o país. A atividade ocorreu na sede da Fundação Lauro Campos, em São Paulo.
O PSOL elegeu 11 vereadoras nas últimas eleições: Áurea Carolina e Cida Falabella, em Belo Horizonte; Sâmia Bomfim, em São Paulo; Marinor Brito, em Belém; Marielle Franco, no Rio de Janeiro; Fernanda Melchionna, em Porto Alegre; Talíria Petrone, em Niterói (RJ); Fernanda Miranda, em Pelotas (RS); Fernanda Garcia, em Sorocaba (SP); Rosi de Paula, em Tanabi (SP); e Mariana Conti, em Campinas (SP).
A atividade de lançamento contou com grande participação, também, de cerca de 150 militantes feministas do partido, além de Luciana Genro, candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS) neste ano, e de Luciana Boiteux, candidata a co-prefeita do Rio de Janeiro na chapa com Marcelo Freixo. A diversidade foi a principal marca: mulheres negras, trabalhadoras, jovens, de diversas regiões e identidades.
Além do ato de lançamento, aconteceu também uma reunião de trabalho entre a bancada, que debatou a necessidade de campanhas contra o ajuste fiscal, com destaque para a reforma da previdência, e em defesa da legalização do aborto. A atividade foi realizada com o apoio da Fundação Lauro Campos e dos setoriais nacional e estadual de Mulheres do PSOL.
O ato, que emocionou bastante todas as presentes pelos relatos e pela luta por protagonismo, também aprovou uma carta de apresentação da Bancada Feminista do PSOL. Leia na íntegra:
Carta de apresentação: Bancada Feminista do PSOL
Apresentamos nesta carta a constituição da nossa Bancada Feminista do Partido Socialismo e Liberdade. Acreditamos que é tempo de uma intervenção unificada entre as vereadoras e os movimentos sociais para resistir aos ataques dos governos e dar mais potência às lutas em defesa das mulheres.
Estamos vivendo um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores com o governo ilegítimo de Temer, com a PEC 55 que congela por 20 anos os investimentos nas áreas sociais e a recente (Contra) Reforma da Previdência que impõe a idade mínima de 65 anos para as aposentadorias. Todas essas medidas afetam o conjunto da classe trabalhadora e, principalmente as mulheres, que ganham em média 30% a menos que os homens, que enfrentam duplas e triplas jornadas de trabalho, que sofrem com o assédio sexual e moral, não encontram vagas nas creches e têm os empregos mais precários.
São as mulheres mais pobres que morrem vítimas dos abortos clandestinos e inseguros. Precisamos debater a descriminalização do aborto como questão de saúde pública e não como um tabu.
Além disso, na maioria das cidades do país ganharam prefeitos da direita, que se alinham com a política do governo federal e que de longe não têm como prioridade os direitos das mulheres. Há ainda setores fundamentalistas que representam sérios riscos aos nossos direitos sexuais e reprodutivos e liberdades democráticas.
Mas, apesar disso, há muita luta protagonizada pelas mulheres no mundo e no Brasil. Recentemente a campanha #NiUnaAMenos reuniu milhares de mulheres na Argentina, a resistência ao ataque a legislação do aborto na Polônia foi vitoriosa depois de muita luta, as primeiras manifestações de resistência à Trump nos EUA têm jovens, mulheres e negros na linha de frente. No Brasil, os atos contra o Cunha, contra a cultura do estupro, da Marcha das Mulheres Negras, das hashtags nas redes, nosso recado é forte: não aceitaremos mais o machismo, vamos denunciá-lo e vamos nos organizar para conquistar nossos direitos. Vamos ocupar a política e todos os espaços que nos foram negados historicamente. E a eleição das feministas do PSOL também é a expressão da Primavera das mulheres. Para além de ocupar as ruas, estamos ocupando a política.
Apresentamos a vocês a nossa bancada: a Bancada feminista. Agora, em pelo menos 10 Câmaras do país, haverá uma mulher feminista disposta a levar nossas demandas e lutas nas cidades, onde as mulheres mais sofrem com o machismo. Vamos enfrentar o conservadorismo, defender mais verbas para o combate à violência, leis e políticas públicas voltadas à nossa segurança, saúde, cultura e liberdade. Queremos fazer dos nossos mandatos megafones das vozes das mulheres que tomam as ruas de todo o país.
Queremos fazer desta construção um espaço de discussão permanente dos feminismos, colocando a necessidade da luta das mulheres ser interseccional, classista, trans e negra. Queremos ter espaços coletivos e permanentes com os movimentos sociais e ativistas, debatendo e potencializando as lutas. Sabemos que são tempos de resistência e de organização para construir o futuro. Cada um de nossos mandatos é parte das trincheiras necessárias para enfrentar a exploração capitalista e seus principais pilares: o patriarcado, o racismo e toda a forma de opressão.
Nosso primeiro encontro realizado em 09 de dezembro de 2016, lança este desafio e convidamos a todas as ativistas a estarem nesta construção conosco.
Áurea Carolina – Belo Horizonte (MG)
Cida Falabella – Belo Horizonte (MG)
Fernanda Garcia – Sorocaba (SP)
Fernanda Melchionna – Porto Alegre (RS)
Fernanda Miranda – Pelotas (RS)
Mariana Conti – Campinas (SP)
Marielle Franco – Rio de Janeiro (RJ)
Marinor Brito – Belém (PA)
Rose de Paula – Tanabi (SP)
Sâmia Bomfim – São Paulo (SP)
Talíria Perone – Niterói (RJ)