JSOL organiza palestra sobre mobilidade urbana

afranio mobilidade 2

Enquanto a prefeitura de Florianópolis apresentou um edital sobre o transporte público sem a participação popular, a Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL) organizou um debate democrático e aberto a comunidade sobre mobilidade urbana e os possíveis modelos de cidade que a capital pode adotar. Na noite de terça-feira (24/09), os palestrantes Elson Pereira, professor de planejamento urbano do curso de Geografia e pós-graduação da UFSC, e os vereadores Afrânio Boppré (PSOL) e Pedro de Assis (PP) conversaram sobre o tema “Mobilidade Urbana pode ser diferente?”. O evento aconteceu no auditório do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, na UDESC.

O vereador Afrânio Boppré, autor do projeto de lei Mobilidade Solidária, afirma que, assim como a educação e a saúde, por exemplo, o transporte público é um direito que deve ser conquistado pela população. “O transporte é um direito necessário para conquistar outros direitos (saúde e educação). Por que ele não foi socializado?”. O parlamentar explica que, mesmo os que não utilizam o transporte público são beneficiados por ele. Quanto mais pessoas utilizam os coletivos, menos congestionamentos são formados, o que facilita para os que andam de carro. Segundo ele, a adesão de mais usuários de ônibus faz com que diminuam as despesas em viadutos e duplicação de rodovias.

Não é necessário ir muito longe para encontrar modelos de transporte público de graça. No Brasil, algumas cidades já adotaram a tarifa zero. No estado de São Paulo, as cidades de Agudos, Bocaina e Piratininga oferecem o serviço. No estado do Rio de Janeiro, tem a cidade Porto Real e no Paraná, a cidade Ivaporã. “A sociedade está enferma, engarrafada e congestionada. É necessário abrir um conjunto de políticas de guerra com o uso de automóvel”. Para o vereador, o novo edital “vai tampar o sol com a peneira”. Hoje, cinco linhas de ônibus operam na cidade. A nova licitação prevê o monopólio para uma empresa usufruir o transporte público por 20 anos. Afrânio defende a criação de uma empresa municipal para trabalhar junto com as privadas.

pedrão123

O parlamentar Pedro de Assis afirma que Florianópolis não tem mais capacidade de expansão. Segundo ele, o nosso plano diretor criado em 1997 está defasado. Apenas algumas mudanças foram feitas para favorecer zoneamentos pontuais. O vereador ainda falou sobre a licitação de transporte público. “Embora não seja ideal, ela vai ser melhor do que já é. No entanto, é errado não contar com a participação popular no processo”, e completou “a população deve estimular mudanças e melhorias”. Pedrão ainda apoiou o projeto de lei Mobilidade Solidária.


afranio mobilidade 3

Didático, o professor Elson Pereira explicou sobre o conceito de urbanismo e as transformações da sociedade pós-industrial. Com o processo de industrialização, as cidades tornaram-se apenas uma concepção de passagem e não de permanência. “Florianópolis não é industrial, mas faz parte das cidades ocidentais que sofreram este processo.” Sendo assim, a capital catarinense se encaixa na sociedade fordista que se estabeleceu no século XX. “Nesse modelo de sociedade, cada coisa tem o seu lugar. O espaço para lazer não é o mesmo para educação, que não é o mesmo para o trabalho.” Para se locomover, o automóvel foi o meio escolhido e priorizado. No entanto, segundo Elson Pereira, ele fracassou.

Para o professor, as políticas públicas que estão acontecendo, como a questão da licitação de transporte público e o projeto orla, por exemplo, devem ser pensadas como medidas conjuntas de mobilidade urbana, e não projetos fragmentados. Para ele é necessário facilitar a multimodalidade – ônibus, bicicleta, transporte marítimo, etc – e construir a intermobilidade – os diferentes modais se comunicando. “O poder público tem que se beneficiar disso. Não é fazendo cinco pistas que iremos resolver o problema de mobilidade”.

Afrânio Boppré e Pedro de Assis foram um dos sete parlamentares que pediram a audiência pública sobre o transporte público no Largo da Alfândega. No entanto, o pedido foi negado pela Casa. Os políticos palestrantes afirmaram que é necessário que “a sociedade cobre dos seus representantes e que se mobilizem para conseguir o que querem”.

Postagens Recentes

E aí, gostou? Manda teu recado pra gente.