Trabalho da UFSC indica que 85% das ruas batizadas por vereadores são clandestinas
Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulgado na imprensa na semana passada comprova o que tem sido denunciado sistematicamente pelos vereadores de oposição: uma das principais atividades da Câmara Municipal de Florianópolis foi – e ainda é – apresentar e votar projetos dando nome às ruas da cidade, uma boa parte deles visando a legalização de loteamentos e construções clandestinas.
O levantamento feito pelo Escritório Piloto de Engenharia da UFSC analisou a aprovação da denominação de 124 vias entre 2007 e 2009, e apontou que 84,7% delas não eram reconhecidas pelo município. Apenas 18,5% possuíam algum sistema de recolhimento de água da chuva, só 12% ofereciam rede de esgoto e apenas 32% das vias eram pavimentadas. Além disso, a maioria das ruas e calçadas não tinha tamanho adequado. Entre os dois anos analisados, a Câmara aprovou 260 novas ruas em Florianópolis.
São ruas e servidões estreitas que dificultam ou impedem a entrada de ônibus, ambulâncias e caminhões de lixo e geram gargalos no trânsito. “Estamos desde o primeiro dia dessa legislatura alertando que esse problema precisa ser enfrentado e a melhor solução é a aprovação do novo plano diretor da Cidade”, destaca Afrânio Boppré do PSOL. Ele é um dos poucos vereadores que têm, como forma de protesto, se abstido de votar Projetos de Lei (PLs) que dão nome a ruas e servidões.
Segundo o vereador, a maior parte dos projetos é aprovada mesmo com pareceres contrários dos órgãos técnicos da Prefeitura e do próprio Legislativo. “É direito de todos ter um endereço, mas a Câmara precisa ter uma postura responsável do ponto de vista de toda a cidade”, observa Afrânio que também destaca que pouco adianta a Prefeitura vetar as matérias e nada fazer para convencer sua própria base parlamentar a não derrubar os vetos ou seguir apresentando projetos semelhantes.
Veja abaixo um dos resultados dessa prática de dar nomes a ruas sem critérios: