Jardim Botânico recebe nome de Major Antônio José de Freitas Noronha

Foto: Adriana Baldissarelli / Divulgação

Oficialmente entregue à comunidade em setembro de 2016, o Parque Jardim Botânico de Florianópolis, no bairro Itacorubi, já se tornou um espaço que atrai milhares de pessoas, moradores e turistas, especialmente nos finais de semana. Nesta segunda-feira (9/4), a Câmara de Florianópolis aprovou em primeira votação um projeto do vereador Afrânio (PSOL) que batiza o parque com o nome de Major Antônio José de Freitas Noronha.

Noronha é considerado o primeiro botânico de Florianópolis. As descrições da flora catarinense, ainda que pequem na falta de detalhes ou na precisão, foram registradas pela primeira vez em 1803 pelo major do 1º Batalhão de Linha de Santa Catarina. Ao registrar em manuscritos e desenhos feitos em aquarela, que deram origem a 38 códices, Noronha foi pioneiro em catalogar a botânica da Ilha de Santa Catarina e parte do território catarinense.

Cinco anos antes da chegada da família real portuguesa ao Brasil – que se estabeleceu em 1808, no Rio de Janeiro –, o então governador da Capitania de SC, coronel Joaquim Xavier Curado, teve um estalo de oportunidade. Como sabia que a rainha Dona Maria I tinha interesse em fomentar pesquisas de botânica para desenvolver a agricultura, encarregou Noronha, a quem considerava bom subordinado e inteligente, a catalogar a flora local.

O Militar nascido na Ilha da Madeira em 1744 chegou a Desterro aos sete anos. Com a família, escapou da fome para tentar a sorte do outro lado do Atlântico. Só receberia a missão de esquadrinhar a flora local cinco décadas mais tarde.

Noronha era leigo, mas havia tido lições de desenho no exército. Os códices receberam do Militar uma breve descrição de 38 espécimes. O trabalho do desbravador, no entanto, não teve reconhecimento na época e foi esquecido. Pouco mais de 200 anos depois, Marli Cristina Scomazzon, Jeff Franco e Daniel de Barcellos Falkenberg reuniram as figuras no livro História Natural da Ilha de Santa Catarina – O códice de Antônio José de Freitas Noronha (Editora Insular; 110 páginas), recentemente lançado.

O Militar recebeu outras missões, como explorar o s ertão catarinense. Numa dessas viagens, fez o reconhecimento do rio do Braço e do Ribeirão, em Nova Trento, que também é chamado de Alferes, em homenagem ao posto que Noronha ocupava.Noronha morreu em 1814, em Desterro, aos 70 anos.

A impressionante compilação de Noronha reuniu informações botânicas ainda indisponíveis na época com uma boa qualidade artística, o que ressalta a grande originalidade de sua obra, num período em que a botânica brasileira ainda dava seus primeiros passos, mesmo nas poucas províncias mais desenvolvidas. Ele foi o primeiro a tentar classificar, nomear e registrar o que se tinha naquela época. Levando em conta que o primeiro registro botânico das árvores nativas da Ilha de Santa Catarina só foi feito em 1970 por Roseli Mosimann e Ademir Reis, 170 anos depois, Noronha foi pioneiro.

Ainda pouco reconhecido, em que pese o recente esforço de pesquisadores, o major do 1º Batalhão de Linha de Santa Catarina, Antônio José de Freitas Noronha, tem um importante papel na história da nossa Cidade. É, portanto, é plenamente justificável a homenagem este personagem histórico, atribuindo seu nome ao Parque Jardim Botânico de Florianópolis.

O parque

Localizado às margens do mangue do Itacorubi, o local era uma antiga fazenda da Epagri que abrigava extensionistas rurais vindos do interior. Pouco utilizado, há pelo menos 20 anos havia propostas de torná-lo um jardim botânico.

Ainda em processo de estruturação, o Parque já conta com um circuito de caminhada e corrida de 700 metros, gramados preparados ao redor de um pequeno lago, espaço de lazer para integração sob as nogueiras, pontos para prática de slackline, quadra de beach tênis, horta comunitária, parque infantil e um centro de visitantes onde três exposições são apresentadas.

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Mostrando 7 comentários
  • Thais Helena Lippel
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    Que ótima ideia, vamos fazer um banner com esta biografia do Major botanico e com a apresentação dos 38 códices.

  • Jefté Brandão Januário
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    Boa iniciativa!

    A cidade encontrou um nome a altura, de um personagem que até então era desconhecido de todos. Esse personagem – Noronha -, tem tudo a ver com o Jardim Botânico.

    Parabéns.

  • Jafé
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    Parabéns para os autores do livro que nos trouxe a história deste ilustre militar, e para os vereadores da Câmara de Florianópolis por aprovarem este nobre projeto. O Jardim Botânico merece esta homenagem.

  • Érica Alves
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    Parabéns aos autores do livro pelo trabalho árduo e dedicação ao escreverem sobre a pessoa que emprestará o seu nome ao Jardim Botânico de Florianópolis.

    Aos prezados vereadores, minhas sinceras felicitações pela aprovação do projeto.

  • Cassiano
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    Li a maravilhosa obra. Como arquiteto (e paisagista) sempre procurei usar espécies que mais representassem nossa ilha. Está obra veio a ajudar muito, e até então, desconhecia a existência do Noronha.
    Parabéns vereador Afrânio pela iniciativa. Nada mais justo e merecido!!!

  • Miriam MIrna Korolkova
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    Parabéns aos autores…. belíssimo trabalho!!!
    Plantas tb precisam de seu espaço !

  • Maria Ines Panceri
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    Parabéns ao Afrânio pelo projeto . Gostaria de adquirir o livro . Onde encontro ?

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