Alô, doutor? Homem vende vaga na fila de posto de saúde em Ingleses

Anúncio foi feito em uma rede social.

Durante as eleições de 2016, o então candidato Gean Loureiro prometeu a criação de um programa de agendamento de consultas médicas por telefone ou internet. O tal programa foi chamado de “Alô, Doutor”, e prometia a redução das filas nos postos de saúde da cidade. Três anos depois, a iniciativa que iria “revolucionar” o atendimento médico em Florianópolis não saiu do papel. Em seu lugar, as filas tomaram conta a tal ponto que já tem gente vendendo vaga na fila pela bagatela de R$ 100.

O mandato do vereador Afrânio recebeu na tarde desta terça-feira (17/12) um link para o anúncio do “serviço” em um site de classificados. O “fileiro” promete acordar cedo, ficar de madrugada aguardando o Posto de Saúde abrir e obter a ficha para o atendimento, no posto de saúde de Ingleses. A assessoria do mandato entrou em contato com o número do celular informado na propaganda e confirmou: o custo do serviço é R$ 100. O “empreendedor” garante que fica na fila até às seis horas da manhã.

Apesar de pitoresco, o episódio não é caso isolado. Há cerca de 10 dias, a paciente Beatriz Marimon foi destaque na imprensa por chegar às 2h30 da manhã no Posto de Saúde do Rio Vermelho. Ela montou uma cama em frente ao PS e gravou um vídeo, que viralizou nas redes sociais.

Para o vereador Afrânio, esse tipo de absurdo acontece em função da grande dificuldade que é conseguir um atendimento na rede de saúde da Capital. As filas sem fim têm sido denunciadas ao longo do ano na tribuna da Câmara, informa. “É condenável se aproveitar do desespero das pessoas, mas é muito mais condenável o agente público que falha em assegurar o acesso a um serviço público tão essencial que é a saúde”, opina o parlamentar. “A venda de vagas na fila é o Alô Doutor da vida real”, criticou Afrânio.

Promessas não cumpridas

Na campanha em 2016, Gean foi categórico ao afirmar que implantaria um sistema de marcação de consultas por telefone e internet. “Ninguém mais vai precisar ir para a fila de madrugada”, afirmou o então candidato, há três anos. Durante sua gestão, foram diversos anúncios de que a medida estava em andamento e que finalmente sairia do papel. Mas até agora, nada. Em janeiro de 2019, a Secretaria de Saúde informou a compra de 150 celulares e o início do treinamento de dois mil servidores para trabalhar com o novo sistema. “Mas 2019 passou, e o Alô, Doutor continua a ser uma promessa não cumprida”, comenta Afrânio.

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