Ex-guerrilheiro torturado dá aula de história sobre os períodos de chumbo, em Florianópolis

Cid Benjamin, um dos maiores protagonistas da resistência ao golpe militar (1964-1985) esteve em Florianópolis, na tarde de quarta-feira (26/03), a convite dos mandatos do vereador Afrânio Boppré (PSOL) e deputado estadual sargento Soares (PSOL) e o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC). O militante não é só testemunha dos anos de chumbo que assolaram o Brasil. Ele é história viva. Foi um dos idealizadores do sequestro do embaixador americano, Charles Burke Elbrick, em 1969. Quarenta anos após a queda do regime, decidiu compartilhar suas experiência no livro Gracias a La Vida – Memórias de Um Militante (José Olympio, R$ 35). A firmeza das suas ações e convicções se reflete na voz grave de locutor, que prendeu a atenção de universitários, jornalistas e integrantes da Comissão da Verdade, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC).

Embora preso e torturado na DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), no Rio de Janeiro, em 1970, o jornalista e professor afirma não guardar rancor de seus algozes. “Os torturados estavam ali como quem palitavam os dentes. Não são monstros”, declara Cid, que remete sua lógica à obra A Banalidade do Mal, de Hannah Arendt. A filósofa chega à conclusão de que o nazista Adolf Eichmann, julgado após o fim da 2o Guerra Mundial, era “horrivelmente normal”. Cid também pensa assim. “Evidente que o torturador se desumaniza. Mas nem todos se enquadrariam naquela ideia de monstro.”

Sem ressentimento ou revanchismo, ele é favorável à revisão da lei da anistia, que vale também aos torturadores do regime militar. O autor acredita que é necessário fechar o ciclo, pois enquanto os executores não forem punidos haverá tortura no Brasil.  Para isso, o ex-dirigente do segundo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), defende a abertura dos arquivos das Forças Armadas no Brasil. Ele reitera que as tropas devem se adequar ao período democrático dando uma satisfação ao povo brasileiro.

O ex-guerrilheiro não esconde seu orgulho em ter pego em armas para enfrentar a ditadura, e afirma que foi uma luta legítima. No entanto, quatro décadas depois, Cid pondera que o caminho da luta armada foi uma opção política errada, já que o grupo não teria condições de vencer o regime.

O escritor é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual se distanciou para, posteriormente, ajudar a criar o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Após passar pelas agruras dos porões do DOI-CODI, ele é otimista em relação ao presente e ao futuro do Brasil, e considera “descabido” um partido ter um braço armado atualmente. “A experiência tem demonstrado que para avançarmos é preciso ocupar duas frentes: os espaços institucionais e os movimentos de massas”.

Cid na mídia:

Um dia após a palestra (27/03), o autor conversou com Cacau Menezes, no Jornal do Almoço.

Acesse o link e confira: http://glo.bo/1i0waTe

A assessoria de comunicação do vereador Lino Peres (PT) gravou uma entrevista com o jornalista falando sobre o livro:

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