Em audiência pública, classe artística rejeita iniciativa do governo de privatizar o TAC

A classe artística de Florianópolis se reuniu na tarde de hoje (23/10), em audiência pública para discutir o futuro do Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), no plenarinho da Câmara Municipal. A intenção do Governador Raimundo Colombo é transferir o comando do teatro mais antigo da capital para o Serviço Social do Comércio (Sesc), no entanto, os que se pronunciaram na tribuna foram unânimes: são contrários à decisão do governo. Estiveram presentes os vereadores Afrânio Boppré (PSOL), Celso Sandrini (PMDB), Bispo Jerônimo Alves (PRB) e Tiago Silva (PDT).

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O patrimônio tombado é coordenado desde 1988 pela Fundação Cultural Catarinense (FCC). De acordo com o vereador Afrânio Boppré, a estratégia do governo é de sucatear e precarizar as instituições para depois privatizá-las. Outro ponto que ele destacou são as parcerias com entidades privadas. Na visão do parlamentar, as empresas visam o lucro, logo elas beneficiariam a bilheteria com trabalhos conhecidos de atores famosos da televisão, por exemplo, em detrimento às artes locais.

Francisco do Vale Pereira, representante do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) e integrante do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis (CMPCF), lamentou o desmonte promovido pelo governo nas áreas básicas da sociedade, tais como: educação, cultura e saúde. Ele citou o Artigo 216 da Constituição Federal que protege o patrimônio cultural como direito do cidadão e dever do estado. Em nome da CMPCF, Pereira entregou um documento solicitando que a administração do TAC fique sob responsabilidade do município.

Já para Marta Cesar, diretora de arte da FCC, o município não tem condições de arcar com as despesas e se responsabilizar pelo teatro. Ela também é contra a privatização. “O TAC é um patrimônio tombado, e é dever do governo gerir e cuidar deste bem público.”

O diretor do Sesc, Roberto Anastácio Martins, não estava presente na audiência, mas afirmou ao vereador Afrânio Boppré por telefone, que a empresa está interessada em assumir a gestão do teatro. Porém com total soberania nas decisões, sem interferência do estado.

No final da audiência, foram decididos três encaminhamentos principais. Amparado em um parecer jurídico da própria FCC, os vereadores pedirão que o comando do TAC permaneça sob responsabilidade do governo do estado; será encaminhado ao governador Raimundo Colombo um apelo para a indicação urgente de um novo presidente para a Fundação Catarinense de Cultura, que está com o cargo em aberto desde julho quando o então presidente, Joceli de Souza, pediu exoneração; e será realizada uma audiência pública em conjunto com a Assembleia Legislativa, considerando que o TAC é estadual e, portanto, a discussão deve acontecer também com os deputados estaduais.

 

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