10 mentiras sobre o projeto “Creche e Saúde Já”

Foto: Reprodução/RIC TV

A Prefeitura de Florianópolis está com uma agressiva e falsa campanha publicitária, buscando convencer a cidade de que seu projeto de terceirizações de quase todos os serviços públicos é boa para a população. Os principais veículos de comunicação compraram esta falsa versão.Para eles, a proposta de privatizar tudo é a única saída. E ainda falam abertamente em burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal. O mandato do vereador Afrânio Boppré levantou 10 afirmações falsas da campanha publicitária de Gean para auxiliar no debate público e combater esse nefasto projeto.

1. Com o projeto, a Prefeitura quer permitir as OS para abrir 10 novas creches e a UPA do Continente

É mentira: Ao contrário do que diz a propaganda, o texto do projeto de Gean não é específico para estas creches e para a UPA do Continente. Pelo projeto, todos os serviços, os já existentes e os futuros, de saúde, educação, esporte, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e assistência social poderão ser terceirizados.

2. A gestão por OS é a única alternativa para ampliar os serviços

É mentira: A Lei de Responsabilidade Fiscal determina limites para o gasto com despesa de pessoal. Entretanto, este limite é proporcional à arrecadação (receita corrente líquida) do município. A cidade está próxima do limite porque as gestões de Gean e César Jr. têm promovido renúncia fiscal e perdão de dívidas para diversos setores, enfraquecendo o caixa da Prefeitura.O curioso é que o Prefeito assume, publicamente, que a iniciativa é uma forma de burlar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ou seja, admite que planeja uma irregularidade.

3. Não dá para cortar mais comissionados, pois Florianópolis é uma das capitais com menor número de comissionados no Brasil

É mentira: Capitais importantes como, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, Campo Grande, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Manaus possuem, proporcionalmente, menos comissionados do que Florianópolis.

4. O custo com comissionados é de apenas 2,04% do custo total com servidores

É mentira: Segundo o jornal Notícias do Dia publicou em 2 de abril deste ano, o Governo Gean possui 390 comissionados, a um custo anual de R$ 26 milhões. O valor representa 3,5% do custo com o funcionalismo, e não 2,04%.

5. Não é a intenção do município utilizar Organizações Sociais para atuarem em outras áreas ou na gestão de creches que já funcionam na cidade.

É mentira: Da forma como está o projeto, ele libera a terceirização em praticamente qualquer serviço realizado pela Prefeitura Municipal, não só para as novas unidades.

6. Hospitais administrados por OS são mais eficientes

É mentira: Os hospitais catarinenses administrados por OS são um péssimo exemplo. O Hospital de Araranguá ficou fechado por 40 dias por problemas financeiros. Já o Hospital Florianópolis também teve que trocar de administradora, pois a OS encarregada não estava fazendo bem o seu serviço. Há OS investigadas por corrupção até mesmo na Operação Lava Jato. Na realidade, os governos estaduais terceirizaram a administração dos hospitais por conveniência política e para agradar empresários aliados.

7. O Projeto “Creche e Saúde Já” é bom para o servidor municipal e não haverá diferença na qualidade do serviço

É mentira: A Prefeitura alega que vai poder dar mais reajuste salarial aos efetivos se parte do serviço for terceirizado. Se isso ocorre, teremos profissionais executando o mesmo trabalho ganhando salários diferentes, o que costuma gerar insatisfação e piora na qualidade do atendimento. Além disso, o projeto abre uma janela para que os servidores sejam substituídos por terceirizados ao longo do tempo.

8. O Sindicato é contra porque vai diminuir sua própria arrecadação

É mentira: Outro ponto forte do projeto para a Prefeitura é justamente enfraquecer o sindicato e as mobilizações da categoria por melhores salários. Reduzir a preocupação do sindicato à questão do caixa da entidade é uma prova de que Gean mede a postura dos outros conforme a sua régua.

9. O projeto não vai privatizar os serviços

É mentira: Diferente da propaganda, o projeto de Gean abre as portas para a privatização, destinando o gerenciamento dos serviços públicos para “organizações sem fins lucrativos”. A probabilidade de políticos indicarem funcionários para cabides de emprego também é real.

10. As unidades administradas por OS serão mais baratas

É mentira: A Prefeitura não apresentou nenhum estudo de impacto financeiro, tampouco mostrou quanto pretende gastar com a terceirização via OS. Em outras cidades, as OS começaram mais baratas que o serviço público, mas em pouco tempo, começam a exigir aditivos contratuais e se tornam mero mecanismo de transferência de recursos públicos para terceiros.

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Mostrando 7 comentários
  • Alex Santos
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    Excelente texto. Muito didático e ajuda a entender que o principal objetivo do prefeito Gean Loureiro é privatizar e precarizar os serviços públicos municipais, os direitos, as condições de trabalho e a previdência dos servidores públicos municipais.

  • Flávio Magajewski
    Responder

    Afrânio:
    Muito boa a seleção de mentiras em relação à publicidade a favor da terceirização da gestão da saúde e educação.
    As três maiores são
    (1) de que a qualidade de um serviço terceirizado é maior do que os diretamente administrados. Esta afirmação não encontra confirmação na realidade. Muito pelo contrário.
    (2) de que o custo dos serviços terceirizados é menor do que os diretamente administrados. Vários estudos mostram que a produtividade dos serviços administrados diretamente pelo governo é semelhante à dos serviços terceirizados.
    (3) de que a gestão terceirizada é imune ao compadrio. Até faxineiras são contratadas em OSs com cartas de indicação de políticos.
    O mais grave em relação à proposta é a falta de sustentabilidade das experiências de terceirização de serviços. Com exceção da FAHECE, que administra o Hemosc e Cepon com alguma competência por longo tempo – e essa situação se explica pela generosidade do contrato inicial que inclusive não consegue se manter em tempos de crise como a atual – todas as outras experiências em SC foram abortadas em poucos anos ou se tornaram praticamente uma doação do serviço público ao setor privado com incentivos públicos garantidos – caso do Hospital Marieta K Bornhausen em Itajai, Hospital de Curitibanos, Hospital Sao Paulo em Xanxere e Regional de Xapecó.

  • Eliana Zarpelon
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    Um dos graves problemas nessa terceirização disfarçada é que o padrão dos serviços cai e isso é gravíssimos em áreas sensíveis como Educação, desde as creches, e Saúde porque na real essa coisa de “sem fins lucrativos”… Se o custo para o poder público será menor, como alega o prefeito, como assegurar que a qualidade do serviço não cairá? Além disso, o poder público não terá a ingerência na organização como se alardeia e a fiscalização pública é lenta, capenga e precária em todas as áreas (até em obras contratadas, imagena em Educação e Saúde. Quem vai pagar o pato são crianças e jovens e a população como um todo. Não à privatização dos serviços básicos que são dever do Estado.

  • sulany couto
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    Isso é um absurdo e arbitrariedade votar um projeto sem abrir diálogo com os diretamente interessados que são os servidores e os usuários dos serviços. Afinal estamos em uma democracia ou o que?

  • Patrícia
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    Isto tem que ser colocado na mídia!!!!

  • alan
    Responder

    O MBL apóia? Sou contra! Estes boçais sempre querem reduzir os serviços públicos,e implantar um liberalismo que beneficia empresários e prejudica a população!

  • Zuka
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    O negocio de “sem fins lucrativos” seria o próprio milagre do almoço grátis né? KKKKKKK
    Logo eu quem sempre defende que não existe almoço grátis!
    Se o MBL realmente defende isto conforme citado pelo Alan, estão confundindo as coisas (assim como o Alan em seu comentário sobre liberalismo – confunde libertários com liberais)..

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